Eu era advogada.
Quando engravidei, iniciou a simbiose advogada->mãe, que se estendeu até o nascimento do meu filho, e fui sendo cada vez menos advogada e mais mãe.
Deixei de trabalhar no escritório pouco menos de um mês antes do nascimento, mas continuei trabalhando em algumas coisas e até levei uns casos para casa. Só que a lida profissional foi me interessando menos e menos e menos: lavar e passar o enxoval do filhote, por exemplo, era muito mais interessante.
Tinham me dito que a grávida fica como que "arrumando o ninho" para a chegada do filho... E foi muito assim comigo: até o dia em que meu filho nasceu, me empenhei com todo gosto nessa arrumação, principalmente neste último período em que parei de ir ao escritório.
Assim, a advogada foi sumindo para dar lugar à mãe, que reinou absoluta por 5,5 meses depois do nascimento - e inclusive mandou de volta para o escritório aqueles casos que a advogada tinha trazido para casa, exatamente do jeito que vieram :)
Depois desse tempo - que foi o melhor da minha vida, afirmo categoricamente -, a mãe teve que recomeçar a advogar, inclusive como medida preventiva de uma futura mãe-mala, hahaha...
Não foi fácil, conversei muito com meu marido, com minha médica, com meu homeopata, chorei com meu filho no colo pensando em quem iria amá-lo enquanto eu estivesse trabalhando.
Voltei a trabalhar, enfim - num esquema alternativo para conciliar a maternidade -, mas o processo inverso (mãe->advogada) não aconteceu.
Não lembro de ter chorado quando soube que estava grávida, nem ao ver o bebê nas ecos... Pra falar a verdade, acho que nem no nascimento! Estava muito ocupada em virar mãe. Agora, já perdi as contas de quantas vezes me peguei com os olhos cheios d´água só de olhar meu filho mamando, dormindo, brincando, fazendo qualquer gracinha...
Pensando bem, nunca me emocionei assim ou perto disso na atividade profissional, e olha que tenho a sorte de gostar do que faço.
É, não sou mais advogada. Sou mãe. Mas advogo também :)
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